Pular para o conteúdo

EDITORIAL sobre Fábio x Emília: Aracaju não pode ser refém de interesses políticos

Compartilhe

O recente embate político entre o governador Fábio Mitidieri (PSD) e a prefeita de Aracaju, Emília Corrêa (PL), escancara uma prática que precisa ser definitivamente superada na política sergipana: a confusão entre o que é público e o que é interesse de grupos ou projetos eleitorais.

É legítimo — e esperado — que os agentes públicos se articulem politicamente. A prefeita, ao atender convite do prefeito Valmir de Francisquinho (PL) e participar da tradicional Festa dos Caminhoneiros em Itabaiana, exercia seu direito democrático de dialogar com lideranças, participar da vida política do Estado e fortalecer seu campo de atuação. Não há nada que desabone esse gesto no ponto de vista institucional ou republicano.

A reação do governador, no entanto, expôs um caminho preocupante. Ao associar apoio parlamentar e parcerias istrativas à postura política da prefeita, Mitidieri ultraou um limite que não deveria ser cruzado em um ambiente democrático. O Estado não é extensão de nenhum governo, tampouco os recursos públicos podem ser tratados como instrumento de pressão ou de barganha política.

Quando o chefe do Executivo afirma que “ajuda a prefeita a governar” e que, em contrapartida, ela articula “tapas” contra seu governo, revela uma visão equivocada sobre as responsabilidades inerentes ao cargo que ocupa. A governabilidade não é um presente concedido a quem concorda, nem tampouco pode ser retirada de quem exerce sua autonomia política. Ela é uma obrigação constitucional.

Mais grave ainda é quando o governador faz referência explícita à sua base na Câmara Municipal, sugerindo utilizar o Legislativo como instrumento de retaliação política. Esta postura não apenas fere a independência dos Poderes, como expõe os próprios vereadores a um constrangimento público, na medida em que os coloca como peças de um jogo que não lhes cabe participar dessa forma.

O que se espera de um chefe de Estado é equilíbrio, espírito republicano e capacidade de compreender que os recursos que chegam à capital — e a qualquer município sergipano — não são propriedade de quem governa. São fruto do trabalho e dos impostos pagos pela sociedade. Não se trata de favor, tampouco de moeda de troca.

Em 2024, a população de Aracaju fez uma escolha democrática e soberana. A gestão da capital não está condicionada a alinhamentos políticos, mas sim ao dever constitucional de colaboração entre os entes federativos. Se há diferenças políticas, que elas se resolvam no campo do debate, das ideias e, futuramente, das urnas — e não na tentativa de estrangular istrativamente uma cidade que pertence aos seus cidadãos, não aos seus governantes de plantão.

Sergipe não pode — e não deve — aceitar que práticas políticas ultraadas tentem se impor em pleno século XXI. Se há desconforto com a reorganização da oposição, que se enfrente isso com propostas, argumentos e trabalho, não com ameaças veladas, retaliações e uso indevido da máquina pública como instrumento de pressão.

Ultimas notícias

Falece o Radialista sergipano Dinho Brawn
Horóscopo do dia: previsão de hoje 15/06/2025 para seu signo
Entenda detalhadamente a linguagem secreta dos caminhoneiros...
Governo avalia danos estruturais em área do Arraiá do Povo a...
Cenas desoladoras de fome em Gaza continuam chocando o mundo...
Jerusalém sob ataque: explosões e mísseis alarmam a Terra Sa...